3 de junho de 2008

Não é de admirar...

-----Está confirmado: a Autoridade da Concorrência disse que não há cartéis em Portugal e que a Galp não abusa da sua posição dominante…

2 de junho de 2008

Contrastes de um Portugal desiludido...

-----Há um factor sui generis na tendência portuguesa de extremar os limites: enquanto uns se atreveram a agitar inflamadas bandeiras de justiça e de igualdade na luta que têm de travar a bem da própria sobrevivência, os outros, de tão intoxicados pela intensa propaganda, recrearam-se a acenar patrióticas bandeiras nacionais – ao que parece já sem os achinesados pagodes – aos supostos ídolos da nação.
-----Quero com isto dizer que enquanto os pescadores de Matosinhos – feridos no orgulho e na carteira – logravam encontrar, na arte de pontapear tudo o que fosse caixotes com peixes, a acertada maneira de reivindicar os seus direitos, a sul, uma ainda mais verdadeira «peixeirada» haveria de ganhar contornos bem mais escandalosos naquela hilariante despedida (vergonhas à parte) que foi concedida à milionária comitiva desportiva que nos há-de andar a representar na Suiça.

23 de maio de 2008

Onde está a verdade?

-----Cerca de um milhão de portugueses (aproximadamente dez por cento da população do nosso país) vive com menos de dez euros por dia. A afirmação consta do relatório do Eurostat sobre a situação social europeia em 2007, onde se afirma que Portugal, na Europa a 25, está no topo da lista dos países com maior desigualdade na distribuição da riqueza. No entanto, o governo, através do Secretário de Estado da Segurança Social, já veio contestar o relatório, afirmando que os dados do estudo se referem a 2004, estando, por isso, desenquadrados da realidade actual.
-----Este facto revela, uma vez mais, que os governantes não têm capacidade nem soluções para enfrentar os problemas de pobreza extrema que se vão alastrando na sociedade – a estonteante subida dos preços dos combustíveis e de bens de primeira necessidade; a constante actualização das taxas de juro dos empréstimos à habitação; e os baixos salários praticados pelas empresas (a contrastar com os vencimentos principescos dos seus gestores) vão arrastando o país para uma crise sem precedentes – e, na pressa de contrariar estes indicadores, o governo vai negando as evidências com relatórios demagógicos e esclarecimentos apressados que em nada contribuem para inverter a situação alarmante do povo português.

22 de maio de 2008

Coisas com graça!

-----Hoje ficamos a saber, por intermédio do deputado Paulo Portas, que Portugal padece de mais um fenómeno: o «fiscojacking». Assentou-lhe bem a franqueza, sobretudo quando os criminosos actuam na defesa dos supostos interesses da nação, ou seja, under consent of the king.

19 de maio de 2008

O dia da libertação...

-----Eis que chegou o tão esperado dia da libertação dos impostos: em teoria, após 139 dias a trabalhar para alimentar a máquina do estado, os portugueses podem enfim suspirar – as suas obrigações para com a Nação estão saldadas.

18 de maio de 2008

De quando outros apregoam feitos que lhes não pertencem:

-----Quer-me parecer que ninguém os vai calar: o desafio mal tinha terminado e logo muitas vozes se inflamavam naquela espécie de fórum que a TSF transmitiu após o jogo de futebol entre o Porto e o Sporting; e o regozijo foi tão sentido que houve até quem, num estertor premonitório da sua própria fé, já aconselhava futuros cuidados ao clube do norte – é que, nessa infalível perspectiva das coisas, um radiofónico ouvinte confessava-se estridentemente do outro lado da linha, num já tão repetido «para o ano é que vai ser». A rádio (a minha preferida de todos os dias) é que não esteve pelos ajustes: conhecidas que são as preferências clubistas de alguns dos de lá, não se envergonhou nem se poupou a esforços na cedência dos directos para tão inchados desabafos.
-----Deleites à parte, qual não foi o meu espanto ao perceber que, os tais opinion maker, na sua larga maioria, iam-se envergonhadamente identificando nas simpatias pelas avermelhadas cores do clube rival (?) – sim, eram adeptos do Benfica (!). É que o feito – de tão raro, ora pois – logrou merecer as honras dos arreliados vermelhos: e não posso deixar de esboçar um sorriso ao perceber que, do outro lado da Segunda Circular, vão correndo rumores de que não foi o Sporting que ganhou a taça – foi o Porto que a perdeu.

14 de maio de 2008

Visto de lado...

-----É surpreendente a forma com que nos entretêm: a notícia sensacionalista sobre os actos privados do primeiro-ministro de um país, onde o custo de vida não pára de subir, foi capaz de encher ecrãs de televisões e páginas de jornais – e será certamente tema de acesas discussões nos fóruns das grandes rádios e nos blogues que, como este, proliferam na Internet –, mas não dará certamente resposta às preocupações legítimas de um povo entristecido e preocupado. É que, em dia de novo aumento dos combustíveis (já foram aumentados uma dezena e meia de vezes desde Fevereiro deste ano), os noticiários abriram em grande algazarra – o primeiro-ministro José Sócrates tinha fumado dentro de um avião da TAP.

11 de maio de 2008

Tudo diferente, tudo igual...

-----O Campeonato Nacional da Primeira Divisão (pomposamente designado de liga Bwin) acabou hoje sem honra nem circunstância: dos vencidos sobra para dizer o desacerto classificativo que empurrou um dos grandes para o quarto lugar da geral. Lá na frente, o outro grande que dizem ser mais pequeno, há muito que havia vencido a meta e se dedicava a estonteantes passeios de consagração – e, não fosse o envergonhado tropeção dentro de portas com um Nacional muito pouco Continental, o passeio teria sido imaculadamente sombrio. Sobra para dizer que o Guimarães terminou a fazer de Sporting que, por sua vez, foi ocupar o posto do arreliado Benfica aos saltos na grande festa que foi a despedida do Rui Costa.
-----Do futebol jogado com bola nada mais há a dizer e já pouco se festeja de tanto se repetir o mesmo grito. Contudo parece-me que o outro campeonato – o das audiências – continuará pelo tempo fora a falar das grandes penalidades que as secretarias dos Conselhos de Justiça se encarregarão de converter em pontos (perdidos e ganhos), a pretexto de sei lá que obscuras clarificações.
-----Resta-me desejar a maior sorte desportiva aos minhotos de Guimarães e fazer figas para que, daqui a três ou quatro anos, não sejam eles a fazer as vezes do nosso querido (e também nortenho) Boavista. É que isto de se ir à Liga dos Campeões tem que se lhe diga: e todos os investimentos exigem determinado retorno – nem que seja para equilibrar os pratos da balança.

10 de maio de 2008

De grande utilidade pública:

11 de abril de 2008

Ambiguidades...

-----Desde a antiguidade – e não pretendo conotar o que vou escrever a seguir com qualquer fenómeno religioso – que a lei assenta em três regras claras: «Não matarás, não roubarás nem faltarás à verdade». No entanto, nos tempos que correm, essas três máximas foram sujeitas às mais variadas interpretações, muitas delas subjectivas, que viriam a resultar em códigos de difícil interpretação, muitas vezes tão contrários ao espírito dessas três regras básicas que alicerçam o funcionamento da nossa sociedade.

14 de março de 2008

O ser social...

-----Em comunidade, a liberdade de cada um deve acabar no exacto momento em que, injustamente, interfira na do seu semelhante – ainda que isso implique a imposição de certos limites à sua autodeterminação ou livre-arbítrio. Assim, e em defesa de uma liberdade maior e mais universal – que a todos nos afecta e de que todos dependemos –, a sociedade criou um conjunto de normas (ler artigo 24º) , às quais apelidou de lei. E é a essa lei que cabe, desde que a todos equivalentemente aplicada, regular a sã convivência do indivíduo com a sua comunidade.

13 de fevereiro de 2008

Uma breve consideração:

-----Hoje, ao abrir o jornal, deparei-me com a notícia daquela rapariga que, em Viseu, foi abortar dentro de uma sanita na casa de banho da residência da escola onde estuda. Do que foi noticiado, a jovem tomou uma dose excessiva de Citotec, um medicamento que conhecia pela sua forte acção abortiva e pelo qual suspirava insistentemente – a acreditar nas palavras da colega – desde o último Natal. O feto, dizem, foi retirado da sanita e metido ainda vivo dentro de um balde onde aguardou, por três horas ou mais, a chegada das autoridades; entretanto a jovem mãe recriou-se na leitura de umas revistas.
-----Neste caso, exige-se que se cumpra a lei, seja ela qual for.

1 de fevereiro de 2008

Mataram o Rei!

-----Corria o dia 01 de Fevereiro de 1908. O Rei D. Carlos regressava de Vila Viçosa onde, no Inverno, costumava reunir os seus amigos mais chegados para um temporada de caça. O comboio em que viajava chegou ao Barreiro já a tarde ia alta, e o Rei apanhou daí um barco até Lisboa, onde o esperavam o seu irmão mais novo, o Infante D. Afonso, e alguns membros do governo, entre eles João Franco.
-----O Vapor D. Luís, que transportava a comitiva, atracou na Estação Fluvial do Terreiro do Paço (Praça do Comércio) por volta das 17 horas. Estava bom tempo: as ruas pouco movimentadas contrariavam a tensão política que nos últimos anos se sentia em Lisboa; a crise nas finanças arrastara o país para a banca rota – os Republicanos conspiravam na obscuridade dos botequins da baixa [o Rei havia assinado um decreto no dia 30 de Janeiro de 1908 condenando ao degredo todos os que praticassem crimes contra o Estado (ler o artigo na sua totalidade), na altura governado pelo ditador João Franco] – e surgia já, na clandestinidade, um movimento antimonárquico que não passava despercebido a D. Carlos.
-----O Rei, a sua mulher e o filho partem da estação numa carruagem aberta, escoltados por alguns batedores de protocolo. Ao entrarem na praça pouco movimentada, um homem dirige-se para o meio da rua: era Manuel Buíça, de longas barbas e olhar gélido que, com um joelho no chão, retira uma carabina que trazia escondida debaixo da capa e, à distância de uma dezena de metros, aperta o gatilho. O estampido ecoou pela praça; na carruagem o Rei D. Carlos tombou sem vida sobre a rainha, atingido pela bala certeira que lhe atravessou o pescoço, matando-o instantaneamente.

30 de janeiro de 2008

«Mea Culpa»

-----Correia de Campos ganhou notoriedade com a muito falada (re)estruturação da rede de urgências. As medidas da sua reforma tornar-se-iam polémicas por implicarem o encerramento de algumas unidades, facto que não foi bem aceite pelas populações que, em caso de doença emergente, se viam obrigadas a percorrer o dobro da distância até encontrarem auxílio.
-----A posição do ministro fragilizou-se e tornar-se-ia insustentável com a mediatização (a influência da Comunicação Social) dos casos de doentes que morreram a caminho do hospital – realço o episódio do bebé que foi assistido pelo INEM no parque de estacionamento do hospital de Anadia, cujo serviço de urgência foi encerrado por Correia de Campos no passado dia 02 de Janeiro –; com a recente revelação por um canal de televisão da arrepiante conversa telefónica mantida por uma operadora do INEM com os bombeiros de Favaios e de Alijó (a propósito do envio de uma ambulância a Castedo); e com a falta de sensibilidade política na gestão do seu próprio problema através de infelizes e reincidentes declarações e entrevistas, com as quais tentou sempre desvalorizar a crescente onda de críticas à sua actuação enquanto ministro. Já não havia paciência...

29 de janeiro de 2008

Nas entrelinhas...

-----José Sócrates foi hoje pedir ao Presidente da República a exoneração do ministro Correia de Campos alegadamente após ter "recebido" do próprio uma carta de demissão em que, altruistamente, afirmava sentir que já não existiam bases para uma relação de confiança entre os cidadãos e o Serviço Nacional de Saúde, encontrando portanto, no seu “sacrifício” «um elemento indispensável para restaurar essa relação de confiança».
-----Mas, para mim, tornou-se óbvio que, com este oportuno pedido, o "chefe" logrou livrar-se da ingrata tarefa de demitir um ministro impopular – que não teve inteligência para perceber os problemas de que o sistema de saúde padece – e de, assim, não ficar diminuído perante a opinião pública: consegue manter incólume a imagem de acérrimo defensor dos homens e mulheres que, com ele, governam este país e, ao mesmo tempo, desmarcar-se da crescente onda de contestação que vem afectando o governo – e a ele mesmo – e que se deve, e muito, às reformas levadas a cabo não só na área da Saúde, mas também na da Educação (essa a precisar de uma verdadeira remodelação) e, especialmente, na cobrança cega – e quase sempre desigual – dos impostos em Portugal.

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